Apropriar-se os rastros digitais em um design coletivo-UnB, Brasília 2018

Como transformar a rastreabilidade digital em um ato memorial através de projetos individuais e coletivos (arte, escrita, documentação, etc.)? Como entender a ultrapassagem da interação social (George Mead e o interacionismo simbólico) ao rastro digital (Escola Francesa sobre o rastro)?

Sylvia F.3

Sylvia Fredriksson (de Paris) falando dos comuns digitais. Fonte: sabáeu

A disciplina “Da construção identitária à construção da memória” no Departamento de Design na UnB-Brasília (novembro 2018), administrada pelo Dr. Hadi Saba Ayon (CDHET, Université Le Havre Normandie França, e outras afiliações internacionais), questionou a cultura digital e suas mutações sociais e culturais.

As participantes interrogaram a informação, a comunicação, o design e a memória na erá digital. Elas construíram um projeto coletivo “Design da visibilidade” na forma de website, com três eixos que convergem com as pesquisas (mestrado em Design) delas: Cidade, Comunidade e Identidade.

Site designdavisibilidade

Designdavisibilidade.wordpress.com

A conversa com Sylvia Fredriksson, pesquisadora e designer Francesa, organizada em um webinário sobre a cultura digital e os comuns, trouxe novas reflexões sobre o “terceiro-lugar’, os “comuns digitais”, o “software-livre” etc. Ela girou novas pistas para desenvolver as pesquisas e pensar em cooperação internacional.

Se a interação social é simbólica na medida em que envolve um processo de interpretação – pelo qual alguns estabelecem o significado das ações e observações de outros – e de definição – pelo qual lhes comunicam, em retorno, indicações do que eles preparam-se para fazer, a interação digital é diferente. Os rastros digitais não são símbolos/significados como os outros. Porque eles são destacáveis, mobilizáveis, e calculáveis. Eles não são mensagens e não tem código de interpretação. O que vai torná-los significativos, mas especialmente eficazes, é sua combinação e seu processamento algorítmico.

Escola Francesa 1

Todas nossas atividades no digital deixam rastros. Esta rastreabilidade não faz memória. É uma memória maquínica (anti-memória) que precisa de organização. O trabalho memorial permite reunir o que foi espalhado ou desmembrado. No ambiente digital, a agregação [montagem] de memórias não é mais pensada em termos de deposição, mas de fluxo, relacionando a aquisição, a visibilidade e a reativação de rastros.

A ultrapassagem da tecnologia computacional para usos culturais desenhados no ambiente digital, ou de “computação” para “digital” (Doueihi, 2011), mudou a construção da sociabilidade e dos espaços que habitamos. Para ter uma presença (no digital), precisamos educar-se ao digital; aprender a re-documentarizar nossos rastros; arquivá-los a fim de produzir e compartilhar conhecimento comum. Mais do que uma auto-imagem, a cultura digital é baseada em um sistema conversacional alimentado por um processamento algorítmico de metadados: uma lógica dual de documentação e relacionamento.

Video de Louise Merzeau: Collège des Bernardins (2016). Vimeo.

No ambiente digital, preservar não significa fixar, mas duplicar, circular e reciclar. Porque o conteúdo é instável, ele deve ser dobrado por uma informação sobre a informação: o metadado. Associado a toda mensagem, o metadado não apenas descreve os enunciados, ele permite a segmentação, a distribuição e a recomposição.

Mais de que restringir ou proteger seus dados, o usuário tem interesse em fazer um rastreamento, ou seja, inserir seus rastros digitais em uma comunidade, contexto e temporalidade.

O hashtag #memorastrodigital que os participantes fizeram no Twitter permitiu uma redação coletiva com muitas observações e matérias sobre a apresentação e o debate. Para consultar o arquivo das observações do webinário, pode acessar neste link:

https://twitter.com/hashtag/memorastrodigital?src=hash

Pensamos a concepção de ambientes de informação como processos “que permitem uma interação entre Informática onipresente e design de serviço, onde o arquiteto da informação considera a coleção, a organização e a apresentação da informação como tarefas semelhantes às do arquiteto confrontado com o projeto de um edifício, [um e outro trabalhando] em espaços de design para existir, viver, trabalhar, brincar “(Resmini e Rosati, 2012).

arquitetura da info 1

Com agradecimentos e vontade para continuar os debates sobre os usos, as condições e os desafios da cultura digital, terminamos o nosso webinário e acabamos o nosso curso. Até o próximo encontro, deixamos uma memória coletiva no www.designdavisibilidade.wordpress.com e outros fragmentos documentares/de design em vários lugares praticados, documentados e re-documentados.

Referências:
  • Bachimont B. (2010). La présence de l’archive : réinventer et justifier. Intellectica, n° 53-54, p. 281-309.
  • Bailey S. (2002). « Do you need a taxonomy strategy? ». Inside Knowledge, vol. 5, n° 5.
  • Bermès E. (2004). « Architecture de l’information : qu’est-ce que c’est ? », https://figoblog.org/2004/05/21/195/
  • Cardon D. (2008). Le design de la visibilité. Un essai de cartographie du web 2.0, Réseaux, vol. 6, n° 152, p. 93 – 137.
  • De Kosnik A. (2016). Rogue Archives: Digital Cultural Memory and Media Fandom, MIT Press, Cambridge.
  • Delmas Y. (2014). Histoire de l’informatique, d’Internet et du Web, https://delmas-rigoutsos.nom.fr/documents/YDelmas-histoire_informatique/index.html
  • De Meyer T. (2016). Dominique Cardon, À quoi rêvent les algorithmes, Lectures, http://journals.openedition.org/lectures/20554.
  • Doueihi M. (2013). Qu’est-ce que le numérique, Presse Universitaires de France, Paris.
    Doueihi M. (2011). Pour un humanisme numérique, Éditions du Seuil, Paris.
  • Epron B. (2017). Les quatre filières d’origine et le web, https://archinfo24.hypotheses.org/3448
  • Evernden, R., & Evernden, E. (2003). Information First: Integrating Knowledge and Information Architecture for Business Advantage. Butterworth-Heinemann.
  • Feyfant A. (2012). Architecture de l’information, architecture des connaissances. Dossier d’actualité veille et analyses, n° 74, p. 1-16.
  • Galinon-Mélénec B. (2011). Fragments théoriques du signe-trace: Propos sur le corps communicant. in L’Homme trace, Perspectives anthropologiques des traces humaines contemporaines, Tome 1, CNRS Éditions, p. 191-212.
  • Gunthert A. (2012) « Politique de la mémoire », http://culturevisuelle.org/totem/1605
  • Halbwachs M. (1992). On Collective Memory, University of Chicago Press, Chicago.
  • Lovink G. (2011). My First Recession: Critical Internet Culture in Transition. Institute of Network Cultures, Amsterdam.
  • Mbembe A. (2002). The power of the archive and its limits. Refiguring the Archive. Cape Town, Clyson Printers, p. 19-26.
  • Merzeau L (2017). Mémoire partagée. Dictionnaire des biens communs. Paris, PUF.
  • Merzeau L. (2013). Les paradoxes de la mémoire numérique. INTERCDI, n° 244, p. 68-71.
  • Merzeau L. (2012). Réseaux sociaux : sommes-nous tous des Big Brothers?, Émission d’Hervé Gardette, radio France Culture.
  • Merzeau L. (2012). Histoire des mémoires, Émission d’Anne Cendre, radio Fréquence Protestante.
  • Merzeau L. (2012). Faire mémoire de nos traces numériques. https://www.ina-expert.com/e-dossier-de-l-audiovisuel-sciences-humaines-et-sociales-et-patrimoine-numerique/faire-memoire-des-traces-numeriques.html
  • Merzeau L. (2009). Du signe à la trace: l’information sur mesure. Hermès, vol. 1, n° 53, p. 21-29.
  • Morville P. & Rosenfeld L. (2006). Information Architecture for the World Wide Web. Sebastopol (CA) : O’Reilly Media. (1re éd. 1998).
  • Paschalidis G. (2008). Towards cultural hypermnesia: Cultural memory in the age of digital heritage. Digital Heritage in the New Knowledge Environment: Shared Spaces and Open Paths to Cultural Content. Athenes, Metaxia Tsipopoulous, p. 179-181.
  • Resmini A. (2013). Les architectures d’information. Études de communication, n°41, p. 31-56.
  • Resmini A. & Rosati L. (2012). « A brief history of information architecture ». Journal of information architecture, vol. 3, n° 2, p. 33–45.
  • Roger T. Pédauque (2006). Le Document à la lumière du numérique : forme, texte, médium : comprendre le rôle du document numérique dans l’émergence d’une nouvelle modernité, C & F Editions, Paris.
  • Salaün J-M., Habert B. (2015). Architecture de l’information : Méthodes, outils, enjeux. De Boeck Université, Louvain-la-Neuve.
  • Salaün J-M. (2011). La théorie du document pour analyser la structuration du web, https://www.youtube.com/watch?v=5ICyFJouHv4
  • Salaün J-M (2011). Document numérique et plateformes de distribution. Cours de l’Université d‘été du Cléo 2011, https://archive.org/details/salaun_ue-cleo_2011
  • Tiryakian A., “The significance of Schools in the Development of Sociology”, in Contemporary Issues, ed. W. E. Snizek et al., p. 227.
  • Vitali-Rosati M. (2016). Qu’est-ce que l’éditorialisation? http://sens-public.org/article1184.html?lang=fr
  • Winkin Y. (2001). Anthropologie de la communication, Paris, Seuil.
Advertisement

The relationship with space in the digital era: a reinvention of the identity and the environment

Managing communication

This paper is published in the Proceeding Book “Managing communication in a disruptive era” (p. 73-86), by Atma Jaya Catholic University of Indonesia in Jakarta on April 2017.

It discusses the socio-cultural aspects of uses of geolocation (the case of Facebook Places application), and inspects the “editorial content” of urban space through location-marking services.

Geolocation associates territories and networks, the material and the immaterial, analog and digital. Hybridization of space also requires consideration of the body, of the disembodied identity and of the inter-spatiality. But does the use of these location-based applications consist only of curiosity to know where the other is, or does it make part of the construction of identity in the digital environment? Does publicly disclosing our movements count as an act of showing off, of linking relationships, or is it simply a form of expressing the link between the spatial dimensions of the action?

By exploring and listing all existing places, the “urban explorers” discover, unmask and reveal relationships and places, sometimes hidden to the eyes of all. They move entire parts of a city from Nature to Culture.

Space, digital, identity and e-environment?

header-iccomac_2-2

The new report introduced by the digital with mobility in metric space and in the digital environment pushes us to enquire the nature of this emerging and growing environment. It encourages us to examine the mechanisms of development of digital identity in the frame of a relational and informational building of individual networks.

We studied, through the use of the Facebook Places application, how the relationship with space in the digital redefines the identity, and produces a new environment in constant mutation.

This presentation was held in the 3rd International Conference on Corporate and Marketing Communication (ICCOMAC 2016) in the School of Communication in Catholic University of Indonesia-Atma Jaya in Jakarta on October 18th of 2016.

To check the presentation: https://drive.google.com/file/d/0B0pzbHXvgDK8aWhIZldMWVpmQ2s/view