Espaço, cibercultura, inclusão e democracia.

UnbDissertaçao-Unb (2)

Brasília e tecnologia: desafios à democratização dos espaços urbanos[1].

Brasília, 29 de julho de 2015.

 

  1. Ambiente digital, inclusão e memoria para democratizar o espaço urbano [2].
  • Pensar a inclusão digital em uma abordagem crítica, consciente que supera o uso da tecnologia para a busca da informação e a educação para o digital.
  • Questionar noções como espaço, lugar, local, e outras no contexto digital é uma boa participação no debate científico sobre o que é o digital.
  • Pensar o relacionamento entre espaço, tecnologia da informação ou da comunicação e a democracia, ou entre a cidade (Brasília) e o ciberespaço para estudar o processo de democratização (questão da inclusão).

Duas hipóteses:

  • Hipótese 1: A tecnologia, como fator na configuração da cidade, pode participar no aumento das desigualdades sociais.
  • Hipótese 2: Internet pode ajudar uma grande parte da população de DF para participar na vida econômica e sociocultural da capital.
  1. Espaço, lugar ou ambiente digital?
  • Os conceitos do “espaço” e do “lugar” nos trabalhos do antropólogo francês Michel De Certeau. Ele distingue entre os dois definindo um lugar como “a ordem segundo a qual se distribuem elementos nas relações de coexistência (…). Um lugar é, portanto uma configuração instantânea de posições. Implica uma indicação de estabilidade” (A invenção do cotidiano, p. 184).
  • De outro lado existe espaço “sempre que se tomam em conta vetores de direção, quantidades de velocidade e variável tempo. (…) em suma, o espaço é um lugar praticado” (p. 184).
  • Pensar o digital como prolongamento do espaço físico métrico sim, mas porque não pensar esse ambiente como parte da cidade? Uma cidade ou periferia sem muros, sem ruas e sem prédios que atira mais gente do que o plano piloto?
  1. Digital e cibercultura:
  • O digital se apresenta na forma sócia técnica. A sua utilização é técnica, mas a mediação é obviamente social (o aspecto sócio cultural do uso de sujeito).
  • Milad Doueihi distingue entre a informática e o digital, entre a ferramenta como técnica (le code) e a cultura (práticas sócias e culturais). Em Qu’est ce que le numérique (2013), ele define o digital como um “ecossistema dinâmico animado pela normatividade algorítmica e habitado por identidades polifônicas capazes de produzir comportamentos manifestantes”.
  • Pierre Levy (Cibercultura, 1999) fala de um “conjunto de técnicas, de práticas, de atitudes, de modos de pensamento, e de valores que se desenvolvem juntamente com o crescimento do ciberespaço”.
  • Desafios econômicos, ideológicos e políticos atrás os GAFA (Google, Apple, Facebook, Amazon).
  • A rastreabilidade como questão política e econômica que levanta a questão do futuro de nossa identidade, de nossa sociabilidade e nossas liberdades em um ambiente renovado (Arnaud, Merzeau, 2009).
  • Superar a concepção da tecnologia como interface ou plataforma à concepção da tecnologia como meio para o digital feito das pegadas e dos rastros (diferença entre os dois nos trabalhos de Alain Mille, 2013).
  1. Inclusão:
  • Segundo Brasilina Passarelli e Antônio Hélio Junqueira, promover a inclusão digital não significa apenas prover as ferramentas, mas possibilitar seu uso de forma crítica, estimulando o aperfeiçoamento das potencialidades informativas e cognitivas e, também, as atividades cidadãs. (Passarelli, Junqueira, “Gerações interativas no Brasil: crianças e adolescentes diante das telas”. São Paulo:NAP Escola do Futuro-USP, 2012, p. 9), (E-infocomunicação: estratégias e aplicações, p. 98).
  • Segundo Mattos (2006), o acesso às informações e, notadamente, a capacidade de transformar informações em conhecimento são fatores decisivos de inclusão social.
  • Transformar as informações em conhecimento, o que permite o acesso a atributos fundamentais da construção da cidadania nos tempos atuais, (E-infocomunicação: estratégias e aplicações, p. 127).
  1. Democracia:
  • Superar o entendimento da democracia como um livre debate e expressão de cidades, e repensar nossos rastros digitais (apropriar-se) para fazer bens comuns digitais, para fazer memória (inclusão digital).
  • Isto se opõe à memória puramente de arquivo, (rastreabilidade digital) memória de armazenamento (mémoire de stockage).
  • A questão é pensar o que Louise Merzeau chama “fazer documento”: significa fazer sociedade em documentos públicos (Merzeau, 2014).
  • Arquivar a web para fazer dela uma coisa que pode ser usada ao serviço de uma alfabetização digital (aprendizagem a ler e escrever na web).
  1. Epistemologia:
  • A metodologia e os métodos:
  • Metodologia qualitativa: escolas e correntes? Cadê as entrevistas com os usuários? (Escola do Chicago)
  • Métodos: entrevistas, estudo de caso, observação. Como fazer a análise?
  • Etnometodologia e tecnometodologia.
  • Tem que interrogar os novos métodos de análise que a web permite (digital humanities). Colecionar dados digitais e tratá-los.
  1. Educação para a cultura digital:
  • Não só educação à cultura web.
  • A questão é: como e quem? Questão da Literacia Digital.
  1. Sugestão final:
  • Substituir o termo “espaço tecnológico” para “ambiente digital”.
[1] Dissertação de mestrado em Design da Daniela Pereira Barbosa sob a direção de Professora Marisa Cobbe Maass, 29 de julho de 2015, Universidade de Brasília (Unb).
[2] Esse texto é o relatório de Hadi Saba Ayon, Doutor em Ciências da Informação e da Comunicação pela Universidade do Havre na França em 2014 e membro da banca examinadora da defesa de dissertação em Design de Daniela Pereira Barbosa na Unb.
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